sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Pedagogia da Alternância: Escolas Rurais

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A metodologia foi criada por camponeses da França em 1935 com o objetivo de evitar que os filhos gastassem a maior parte do dia no caminho de ida e volta para a escola ou que tivessem que ir morar em centros urbanos para estudar. No Brasil, a iniciativa chegou com uma missão jesuíta, no Espírito Santo, em 1969. De lá para cá se espalhou e hoje é reconhecido pelo Ministério da Educação.

O Brasil possui mais de 70 mil escolas públicas localizadas em zonas rurais, é o que aponta o último censo escolar, realizado em 2013. 
Nessas escolas, de acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o sistema de ensino deve ser adequado às peculiaridades da vida rural, assegurando conteúdos e metodologias adaptados aos interesses da população do campo. 


No entanto, essa ainda é uma realidade distante: faltam recursos financeiros e pedagógicos, professores especializados e transporte público de qualidade que garanta a frequência dos estudantes.




1.Princípios a serem contemplados no Currículo

Esse método teve início em 1935 a partir das insatisfações de um pequeno grupo de agricultores franceses com o sistema educacional de seu país, o qual não atendia as especificidades da educação para o meio rural. 

A Pedagogia de alternância intercala um período de convivência na sala de aula com outro no campo. O propósito é diminuir a evasão escolar em áreas rurais. O calendário é flexível, ocorrem mudanças no currículo e conteúdo, conforme o  tempo de produção no campo, em algumas regiões os alunos permanecem 15 dias na escola e os outros 15 dias retornam para casa, daí o nome Alternância. A experiência brasileira com a Pedagogia da Alternância começou em 1969 no estado do Espírito Santo, onde foram construídas as três primeiras Escolas Famílias Agrícolas. Esta proposta pedagógica ainda é discutida com pouca ênfase no meio acadêmico. Há muitos desafios a serem superados, por exemplo: a preparação de professores, as classes seriadas, alunos migrando para a cidade.


2.Organização dos Tempos e Espaços Recomendados

A pedagogia da Alternância consiste numa metodologia de organização do ensino escolar com diferentes experiências, tendo como finalidade uma formação profissional.
A vida no campo também ensina, é o principio básico da Pedagogia de Alternância, proposta usada em áreas rurais para mesclar períodos na escola com outros em casa. Por 30 anos, a receita foi aplicada no Brasil por associações comunitárias sem o reconhecimento oficial. Agora, o Ministério da Educação não apenas aceitou a Alternância como também quer vê-la ainda mais disseminada.

Temos projetos das Casas Familiares Rurais (CFRs) e das Escolas Famílias Agrícolas (EFAs), vinculadas aos sindicatos de trabalhadores rurais, Organizações Não Governamentais (ONGs) e associações comunitárias, e as experiências da Fundação de Desenvolvimento, Educação e Pesquisa da Região Celeiro (FUNDEP) e do Instituto de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária (ITERRA), vinculadas à Via Campesina-Brasil. O objetivo é captar, nas experiências de formação que articulam trabalho-educação feitas por esses movimentos e organizações, as contradições expressas nas práticas/concepções de Pedagogia da Alternância. 


3.Objetivo Gerais da Aprendizagem a serem atingidos:

  1. Buscar a promoção e o desenvolvimento do meio, através da formação de indivíduos que se sintam capazes de encontrar em si e no meio onde vivem motivações e os meios que proporcionem o engajamento em mudanças;
  2. Proporcionar através de suas atividades educativas um desenvolvimento que dê ao meio uma liderança motivada e devidamente preparada para que possa estimular e orientar em geral o desenvolvimento técnico e em particular o comunitário;
  3. Privilegiar o ambiente familiar como meio da aprendizagem e ampliação do saber e o ambiente escolar e de trabalho, em sentido restrito, como local de sistematização científica e ponto de partida para organizar pesquisas, alternando momentos de prática com teoria, ação com reflexão;
  4. Possibilitar a participação das famílias, comunidades, lideranças e instituições no processo educativo da escola;
  5. Proporcionar um ambiente educativo fundamentado em princípios de responsabilidade, liberdade, participação e cooperação, voltados para o bem comum;
  6. Respeitar a individualidade do aluno como cidadão, garantindo uma educação para o respeito à sua dignidade, liberdade, cultura e tudo o que possa colocar o seu crescimento nas dimensões pessoal, comunitária, transcendente e  ser político;
  7. Motivar a identificação das várias profissões necessárias ao desenvolvimento sustentável, favorecendo ao aluno uma definição da sua escolha profissional;
  8. Proporcionar meios para que o aluno adote um posicionamento crítico construtivo e responsável diante da realidade, questionando com respeito e usando o diálogo como meio de resolver conflitos;
  9. Favorecer condições para que haja aprofundamento sobre a problemática do meio, à manutenção dos hábitos culturais e preservação ambiental;
  10. Estimular no educando a interpretação da realidade a nível local, estadual e nacional, relacionando-a com o mundo, visando criticar as ideologias  de dominação e marginalização deste meio  e valorizar a sua cultura.



4.Procedimentos Metodológicos Sugeridos


O plano de estudo é um instrumento da Pedagogia da Alternância que integra a escola, o trabalho e a família, tem como princípio metodológico a realidade do campo e a orientação profissional para jovens que vivem no campo.
Os alunos têm as disciplinas regulares do currículo do Ensino Fundamental e Médio, além de outras voltadas à agropecuáriaAgroecologia, Produção de mudas, Silvicultura, Legislação Ambiental; Projeto profissional de Vida; Mecanização Agrícola, Conservação do solo, Fertilização. Quando retornam para casa, devem desenvolver projetos e aplicar as técnicas que aprenderam em hortas, pomares e criações.



5.Materiais de ensino e da aprendizagem

O trabalho pratico realizado em casa passa por diversas dificuldades, principalmente a deficiência de equipamentos, os professores muitas vezes precisam trabalhar com disciplinas que não fazem parte de sua formação inicial.

“No campo, há problemas na formação de professores, na infraestrutura, no transporte dos alunos, que ainda é precário em muitas regiões, e mesmo na falta de um material didático que reflita as especificidades de aprendizagem dos estudantes rurais”, avalia o diretor de Educação para Diversidade e Cidadania do MEC, Armênio Schmidt.

No EFA- Escolas Famílias Agrícolas, há o Caderno Didatico que é constituido de um material específico com uma metodologia própria, elaborado a partir do Plano de Estudo para o aprofundamento das disciplinas.



6.Avaliação

A Escola Família Agrícola por exemplo, desenvolve um programa de avaliação das disciplinas regulares,o aluno é avaliado pelo aproveitamento escolar e pelo o desempenho de suas tarefas práticas.Outro momento importante é no final do ano letivo, onde se realiza uma grande avaliação das linhas gerais de atuação da escola. Avalia-se desde suas atividades pedagógicas, administrativas, relação com entidades, a propriedade agrícola, ambiente educativo, a equipe, e o Plano de Formação, entre outros.A auto-avaliação pelo aluno é uma prática importante para responsabilizá-lo pelo seus processo educativo.O aluno avalia o plano de formação, toda a equipe, o conselho administrativo, a comissão de formação, enfim, ele participa do processo avaliativo de todo o projeto.




7.Exemplos de Boas Praticas

Matéria: Alunos da Hermínio Pagotto, em Araraquara, aprendem na sala de aula e nas plantações.

Tudo começou em 2001, quando as pessoas que ali moravam e trabalhavam se reuniram para resolver um problema: a escola era estadual e, para ser municipalizada e receber mais investimentos, os gestores precisavam apresentar um projeto à secretaria de Educação. Mudanças na forma de ensinar - até então baseada em livros didáticos e com conteúdos distantes da realidade local - já estavam nos planos da direção. Para atingir os objetivos, era necessário fazer a escola rural dar certo. E, no trabalho de aprofundar os conhecimentos e abrir as portas para a comunidade, nasceu um projeto vitorioso  "Precisávamos fazer com que os alunos percebessem o sentido do ensino e valorizassem o aprendizado", lembra a diretora, Adriana Maria Lopes Morales Caravieri. Os indicadores eram preocupantes: a evasão tinha atingido 15,3%, e a taxa de reprovação, 7,14%.

Pais, alunos, professores, funcionários, lideranças comunitárias, pesquisadores de universidades e representantes da secretaria de Educação da cidade, do Incra e do Instituto de Terras do Estado de São Paulo foram chamados para participar da discussão do projeto pedagógico, batizado de Programa Escola de Campo, foram chamados O que começou como uma solução para apenas uma escola acabou virando uma política pública no município de Araraquara, um modelo tão bem-sucedido que foi adotado pela vizinha Matão.


“Para valorizar os saberes do campo e fortalecer a aproximação com a comunidade, os agricultores se tornaram uma fonte de informação."

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